Como a Ufotable Valorizou Kimetsu no Yaiba
Kimetsu no Yaiba é um anime que já fez muito sucesso, porém hoje é pouco comentado e valorizado em relação a tantos outros. Sem sabermos o real motivo dessa queda no público, só nos resta continuar persistindo e admirando o grande trabalho da Ufotable, estúdio que vem dando vida a essa adaptação de tal maneira que hoje venho enaltecer suas escolhas de roteiro e direção nessa temporada recente.
Sinopse:
Japão, era Taisho. Tanjiro, um bondoso jovem que ganha a vida vendendo carvão, descobre que sua família foi massacrada por um demônio. E pra piorar, Nezuko, sua irmã mais nova e única sobrevivente, também foi transformada num demônio. Arrasado com esta sombria realidade, Tanjiro decide se tornar um matador de demônios para fazer sua irmã voltar a ser humana, e para matar o demônio que matou sua família. Um triste conto sobre dois irmãos, onde os destinos dos humanos e dos demônios se entrelaçam, começa agora.
Como muitos sabem, essa quarta temporada do anime, intitulada “Kimetsu no Yaiba: Hashira Geiko-hen” (Demon Slayer: Kimetsu no Yaiba Hashira Training Arc), está ainda em lançamento e alguns vazamentos revelaram que talvez essa jornada termine com apenas oito episódios, algo que foge do esperado para os fãs que anseiam muito pelas adaptações dos arcos atuais que preveem muitas lutas. No entanto, o incrível trabalho da produção tornou gigante algo que não recebeu tanta atenção nem no próprio mangá.
Estamos falando aqui do Arco do Treinamento Hashira, que durou entre os capítulos 128 e 136 e foi tão resumido que ninguém colocaria expectativas em sua adaptação para a animação, mas então a Ufotable pegou esse trabalho para si e transformou nessa obra prima que viemos assistindo hoje. Estamos aqui nos emocionando não apenas com a história do Tanjiro, nosso protagonista, mas também com todos aqueles ao redor dele, muitos que tivemos pouco contato até então, tudo a partir de seu ponto de vista gentil e puro.
Além da qualidade de animação surpreendente do estúdio, o ponto maior dessa quarta temporada é como eles conseguem pegar alguns quadros de uma página e transformar em um episódio completo com carga emocional e profundidade dignas de cinema. São basicamente sete episódios (pois cortamos a introdução) que adaptam dois/três capítulos inteiros, isso é surreal e incrivelmente admirável para toda a produtora do anime.
E isso tudo ainda se mantendo fiel ao mangá, pois os roteiristas e diretores apenas ajudaram a incrementar ainda mais a história principal e nos oferecer uma abundância de dramaticidade, além de mostrar melhor a importância desse treinamento não só para aumentar a força dos personagens, como também para selar uma conexão entre Tanjiro e todos aqueles ao seu redor que ainda não tiveram momentos a sós com ele.
O que podemos notar, dessa forma, é que a história é adaptada com cuidado, capturando a essência dos personagens, eventos e o tom geral da obra, sempre respeitando as personalidades e desenvolvimentos, assim garantindo que os fãs do mangá se sintam satisfeitos, enquanto também atrai novos espectadores que não estão familiarizados com o material original. Ufotable, o estúdio responsável pela animação, entrega um trabalho simplesmente impecável. A qualidade da sua animação, como sabemos, é consistente do início ao fim, com cenas de ação fluidas e vibrantes, efeitos visuais impressionantes e designs de personagens memoráveis. As paisagens do Japão do período Taisho são recriadas com detalhes ricos, transportando o público para dentro do mundo da história.
E, como pudemos perceber, não é só de beleza visual que eles conseguem sustentar seu trabalho. Isso, pois o mangá de Kimetsu no Yaiba é conhecido por não ser uma obra de nível sensacional, apenas um nível mais “aceitável”, visto que a qualidade da arte oscila ao longo da obra, com algumas páginas parecendo mais apressadas e menos detalhadas do que outras. Alguns até apreciam sua unicidade, expressividade e impacto visual, enquanto outros o consideram simplista e inconsistente. Assim, as escolhas de roteiro e direção que o estúdio fez no decorrer da adaptação acabam enriquecendo muito os aspectos positivos e transformando os negativos em pontos fortes de desenvolvimento.
Em outros aspectos também, a obra de Koyoharu Gotouge mostra como a autora utiliza de diferentes técnicas de desenho para transmitir emoções, movimentos e a atmosfera das cenas, tudo de sua maneira única. Sua história é bastante fluida e deleitável de se acompanhar, mesmo com os traços de desenho um pouco estranhos para o que estamos acostumados com outras obras. Assim, o mangá oscila entre os pontos negativos e positivos, agradando e desagradando públicos diversos.
Mas e quanto ao desenvolvimento atual do anime? O que o público que flopou não está enxergando? Pois bem, muitos reclamam que a história está muito chata, que não tem a ação que esperamos, mas a real é que o anime está ainda melhor do que o mangá, pois o estúdio conseguiu aprimorar muito mais um arco que foi pouco construído na obra original, e assim ajudou a aprofundar e trazer um melhor desenvolvimento para os personagens da história. E, além disso, nem só de ação vive uma boa obra shounen.
Então esse desinteresse do público não se justifica pela qualidade do anime, mas talvez seja um efeito colateral do descontentamento com a finalização da história do mangá e/ou pelas escolhas estranhas para o lançamento do anime, algo parecido com Shingeki no Kyojin. Mas, ainda assim, fica aqui meu convite para que continuem apreciando Kimetsu no Yaiba e não deixem de acompanhar o anime, mesmo com os infortúnios da história original, pois a Ufotable está conseguindo tirar água de pedra e valorizar ainda mais essa grande e atualmente desvalorizada obra.
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