Análise de Overtake! – Anime United
A fórmula do sucesso tem variáveis suficientes para complicar qualquer vislumbre futuro de qualquer pessoa, mas se tem algo que é consenso para o sucesso é não ser de nicho. Quando algo é voltando em especial para um grupo de pessoas, se perde a chance de alcançar um grande público, o que acontece exatamente com muitos animes que se encontram em grupos muito específicos, mas, há como furar a bolha sabendo criar uma obra que alcance a muitos, e é aí que Overtake entra.
O esporte a motor é nichado, e dentro deste nicho há outros nichos ainda menores, se há a Fórmula 1 e Indy, há campeonatos de turismo, kart, motociclismo nacionais que são ainda menos conhecidos dos mais populares, e suas regras, espaço, formulação, não são tão usuais quanto de esportes mais comuns e acessíveis, o que não ajuda e muito a angariar novos fãs para o desporto, e este é o enredo base de Overtake!
Eu trouxe em minhas Primeiras Impressões do anime original lançado em outubro de 2023 com basicamente o mesmo prefácio, pois de fato, mostrar o esporte a motor e seus meandros não é tão interessante para a maioria das pessoas, e colocar uma pessoa que é totalmente avulsa ao esporte como o pivô das ações foi o primeiro ato para furar a bolha.
Kouya é um fotógrafo jornalista que ficou manchado por uma foto trágica no grande terremoto de 2011, o que o traumatizou pelo resto de sua carreira. Até que ele consegue por meio de sua belíssima ex, Saeko Yukihira, um trabalho na cobertura do Super GT e F4, no famoso Fuji Speedway.
Ele não conseguia tirar fotos de pessoas desde a tragédia de 2011, mas tudo mudaria em sua vida quando tirou uma foto única de Haruka Asahina, um jovem piloto que tenta alcançar melhores resultados por uma pequena equipe, que corre basicamente por meio do puro amor ao esporte, pois nem patrocinadores possui para bancar a atividade esportiva.
Kouya então entra de cabeça no esporte e procura ajudar o jovem piloto e sua equipe, mas é uma criança procurando saber de mecânica quântica, o que começa a mostrar o tom da obra. O esporte motor aqui não é somente uma fachada, tão pouco uma desculpa para que o enredo exista, mas o pivô de tudo na obra.
Nós vemos o desenvolvimento de um piloto talentoso, mas prepotente em uma figura mais maleável, que compreenda mais do que está ao seu redor, por meio do fotografo todo atrapalhado, e que vai conseguindo melhores chances de vitória ao longo dos episódios com isto.
Em paralelo, Kouya também tem um desenvolvimento de sua figura traumatizada, em alguém que consegue chegar ao objetivo máximo de sua profissão, fotografar o momento ideal das pessoas. Ele aprende mais do esporte e se torna um fã melhor em cada episódio, ajuda a procurar patrocínios para a pequena Komaki Motorsport, procura erguer o moral de Haruka.
Até que sua antiga foto que marcou sua carreira para sempre, se tornou algo mal visto pelos patrocinadores, e quanto tudo estava dando certo, esta grande tragédia ressoou mais forte, e tudo foi água abaixo.
A dinâmica entre os personagens é o que te cativa no anime, pois Kouya é o pivô das ações nos episódios, e quem de fato consegue amolecer o duro Haruka em sua persona, e o mesmo consegue entender melhor e ajuda no processo do trauma de Kouya, uma mão lavando a outra e desenrolando este novelo de lã. A trama da obra envolve duas camadas, ambas de superação das barreiras de cada um, e foi muito bem desenvolvida.
Você não fica preso a uma linha somente, você acompanha detalhes interessantes do ramo de jornalismo, como o desafio de levar a informação e relatar os fatos ao povo, e suas consequências, e também o lado do desporto, com as rivalidades, desafios pontuais do esporte, dinâmicas do esportista, o que é um detalhe interessante na forma de contar uma estória.
O lado desportivo não é deixado de lado ou mesmo mal colocado, e a forma como foi colocada é a segunda forma de furar a bolha do nicho. O desafio do piloto é conseguir os melhores resultados com o equipamento que tem para alcançar as melhores equipes, e progredir sua carreira ao nível profissional. Os patrocínios servem para bancar isto tudo, e promover marcas a um novo patamar, e com mais dinheiro, mais treinos e melhores resultados vem.
Os episódios têm uma linha reta de desenvolvimento e razão de ser. No começo, Haruka demonstra um talento nato, mas uma falta de experiência e raciocínio nas corridas para alcançar melhores resultados, e com a ajuda de Kouya, os primeiros patrocinadores chegam e seus resultados melhoram, e ele começa a valorizar a ajuda e compreender todo o sacrifício que o fotógrafo tem para com ele.
No final, os vários não de patrocínios se tornou num sim, então até os primeiros episódios não ficaram sem ponto final, e tiveram uma razão para tal. A evolução destes detalhes é muito bem-feita e mostrada, e estes dois detalhes, o esporte a motor e o jornalismo, andaram juntos e desenvolveram um enredo que conseguiu ser original e cativante.
E o que dizer do aspecto da obra? Ser original não é fácil, ainda mais nas animações japonesas, onde poucas são as que tem um investimento a altura da obra.
É uma obra cativante no que ela mostra ao espectador, colocando-o no meio de tudo com uma bela ambientação. Fiquei surpreso que marcas como Audi, Toyota, Yokohama Tires, a F4 Japão, Super GT, deram um tom de responsabilidade com o assunto abordado na obra.
Os personagens têm traços que são belos e bem colocados, e representaram bem a persona de cada personagem, me lembrou um pouco dos traços de Little Witch Academia neste aspecto, e os cenários também correspondem bem com a obra.
Expectativas
Como eu disse em minhas Primeiras Impressões do anime, o enredo agrada tanto os cabeça de gasolina como eu, quanto quem não conhece o esporte a motor, e a trama realmente é muito bem desenvolvida e proposta. Ela é dívidida entre dois personagens, duas realidades distintas que se cruzam, e tudo entre elas é bem exibido e temporizado ao longo dos doze episódios.
Notas
Animação: Uma das melhores do ano passado, mesmo o 3D que tem má fama nas animações, foi bem feito, e o 2D mostra a vida que esse anime tem, outra obra que a Kadokawa acertou na mão. 9.0/10
Arte Gráfica: O fato de ser original foi carregado por todos os detalhes, e seus traços são de destaque. 8.0/10
Personagens e Enredo: A trama é sem dúvidas o destaque máximo, duas linhas que se cruzaram pelo automobilismo, desenvolvido completamente e bem executado com personagens igualmente únicos na trama. 10/10
Trilha Sonora e Ambientação: Ambientação do esporte é bem-feita e condiz com a realidade na qual a obra se baseia, apesar de que os sons dos F4 são os mesmos, há momentos que a sincronia não funciona bem, não é algo grotesco na experiência, mas a trilha sonora passa batida. 5.0/10
Geral: Não ter uma dublagem foi um pecado da Crunchyroll, o anime é interessante do começo ao fim, a trama realmente é bem montada e exala originalidade, e a animação atrai a qualquer fã de animes, não deve a nenhum anime para disputar seu interesse. 8/10
Veredito
Aos cabeças de gasolina, fãs de tramas bem envolventes, e que queiram ter algo novo em suas listas, Overtake é um anime a ser colocado em sua lista. Não há um pecado a ser reparado por quaisquer pessoas, sua estória é fenomenal e seu grafismo é proporcional ao que entrega.
Completo mais um ano de Anime United, e agradeço a vocês que leem e curtem meus textos, o meu mais sincero obrigado!
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